domingo, 16 de março de 2008


"- Deveria haver uma escada da casa até a água, uma varanda, um deck. Aqui, você está em uma caixa. Uma caixa de vidro com vista para tudo que está em volta de você... Mas você não pode tocar. Não há nenhuma conexão entre você e o que você está olhando.
- Bem, eu não sei. Há um grande carvalho crescendo no meio da casa.
- Contenção. Contenção e controle. Essa casa é sobre domínio, não conexão. Quero dizer, é bela. Até sedutora. Mas é incompleta."


Por que palavras foram sempre tudo o que eu tive para oferecer. E tudo o que eu sempre quis.
Então ficamos como;
"vai, se você tiver que ir.
palavras mordazes e magoadas machucam e não levam a nada, como sempre foi.
vai, clareia um pouco a cabeça, já que não quer conversar.
por que chega uma hora que nós esquecemos qual é a razão.
e eu vou ficar aqui com um bom livro.
meu amor, cuidado na estrada.
quando voltar para casa, tranque o portão, feche as janelas, apague a luz
e não esqueça
que amor verdadeiro é loucura.
é por isso que vale a pena.
eu e você produzimos faíscas reais."

Eu não sei por que, mas eu tenho essa fixação por músicas que falam sobre assistir a pessoa que você ama dormindo na sua cama.
eu quero esquecer o jeito que eu sou uma alma triste aprisionada em um corpo feliz.
e eu não posso ficar longe por que as palavras são obsessões e sempre foram.
ondas no topo
eu espero meus sonhos quebrarem na areia
eu quero achar um novo mundo com você comigo
eu mal posso esperar para retribuir para vocês todos.
eu tenho substâncias químicas para apagar meus problemas velhos e dar boas vindas aos novos de braços abertos.
encontrando as fórmulas certas, me adicionando e subtraindo de mim mesma
eu estou sonhando com as minas de carvão e mistérios
e porque você nunca sabe: apenas chute pedras, jovem.

eu tinha uma faísca que não acendia
você vai achar adormecida no lobby de um aeroporto em algum lugar
esperando os atrasos começarem ou acabarem
esperando voar para frente ou para trás no tempo, só longe de agora.
desculpe-me as esses começos/paradas e pulos dos limites da caneta
eu não consigo encaixar todos os meus pensamentos no verso dessa passagem suja da american airlines
o verão é quando eu ainda me sinto mais livre
eu estava lendo sobre o final dos anos 50, sobre Sinatra e uma era dourada
me fez querer isso muito mais
tão feliz por ter três pessoas verdadeiras na minha vida não importa as primeiras semanas ou flashes.
se apaixone por mim como um novo amor ou uma droga.

Eu nunca realmente apreciei os elogios que as pessoas me fazem.
eu sinto que as pessoas os fazem porque elas sentem que elas têm que fazer- "você é bonita"- exceto que na minha cabeça eu não me vejo desse jeito então isso não significa nada.
"você tocou muito bem hoje"- exceto que eu provavelmente não toquei porque não é muito minha coisa.
"eu amo suas palavras"- exceto que elas só fazem sentido para mim.
"eu te amo"- mas você não amaria se você me conhecesse. e aí por diante.
mas outro dia um amigo me disse: "você tem um incrível senso do imaginário". e isso me fez tremer. só no sentido de que é tudo em que eu acredito. eu não ligo muito para os detalhes do mundo em que nós estamos. eu gosto muito mais do que há na minha cabeça. não é cronológico ou pragmático. mas isso significou muito pra mim.

É engraçado por que eu estou na California de novo, soa muito mais verdadeiro agora.
E eu estava andando pelo meu quarto, quando a lembrança de uma coisa que eu não sentia a anos me fisgou pelo estômago.
Algo misturado de noites frias e ansiedade da infância.
A próxima pergunta seria "você acordou de manhã com uma dor de cabeça do caramba e olhos borrados?"
Por que eles tem sido tão hipócritas e pretensiosos.


"- How's your sunset?
- It's perfect.
- I only wish you were here to share it with me.

- How do you hold on to someone you've never met?
- Just don't give up on me."

sábado, 15 de março de 2008

Progress report: a little more bitter.

"Num meio-dia de fim de primavera
Tive um sonho como uma fotografia.
Vi Jesus Cristo descer à terra.
Veio pela encosta de um monte
Tornado outra vez menino,
A correr e a rolar-se pela erva
E a arrancar flores para as deitar fora
E a rir de modo a ouvir-se de longe.

Tinha fugido do céu.
Era nosso demais para fingir
De segunda pessoa da Trindade.
No céu era tudo falso, tudo em desacordo
Com flores e árvores e pedras.
No céu tinha que estar sempre sério
E de vez em quando de se tornar outra vez homem
E subir para a cruz, e estar sempre a morrer
Com uma coroa toda à roda de espinhos
E os pés espetados por um prego com cabeça,
E até com um trapo à roda da cintura
Como os pretos nas ilustrações.
Nem sequer o deixavam ter pai e mãe
Como as outras crianças.
O seu pai era duas pessoas -
Um velho chamado José, que era carpinteiro,
E que não era pai dele;
E o outro pai era uma pomba estúpida,
A única pomba feia do mundo
Por que não era do mundo nem era pomba.

E a sua mãe não tinha amado antes de o ter.
Não era mulher: era uma mala
Em que ele tinha vindo do céu.
E queriam que ele, que só nascera da mãe,
E nunca tivera pai para amar com respeito,
Pregasse a bondade e a justiça!

Um dia que Deus estava a dormir
E o Espírito Santo andava a voar,
Ele foi à caixa dos milagres e roubou três.
Com o primeiro fez que ninguém soubesse que ele tinha fugido.
Com o segundo criou-se eternamente humano e menino.
Com o terceiro criou um Cristo eternamente na cruz
E deixou-o pregado na cruz que há no céu
E serve de modelo às outras.
Depois fugiu para o sol
E desceu pelo primeiro raio que apanhou.

Hoje vive na minha aldeia comigo.
É uma criança bonita de riso e natural.
Limpa o nariz ao braço direito,
Chapinha nas poças de água,
Colhe as flores e gosta delas e esquece-as.
Atira pedras aos burros,
Rouba a fruta dos pomares
E foge a chorar e a gritar dos cães.
E, por que sabe que elas não gostam
E que toda a gente acha graça,
Corre atrás das raparigas
Que vão em ranchos pelas estradas
Com as bilhas às cabeças
E levanta-lhes as saias.

A mim ensinou-me tudo.
Ensinou-me a olhar para as coisas.
Aponta-me todas as coisas que há nas flores.
Mostra-me como as pedras são engraçadas
Quando a gente as tem na mão
E olha devagar para elas.

Diz-me muito mal de Deus.
Diz que ele é um velho estúpido e doente,
Sempre a escarrar no chão
E a dizer indecências.
A Virgem Maria leva as tardes da eternidade a fazer meia.
E o Espírito Santo coça-se com o bico
E empoleira-se nas cadeiras e suja-as.
Tudo no céu é estúpido como a Igreja Católica.
Diz-me que Deus não percebe nada
Das coisas que criou -
"Se é que ele as criou, do que duvido". -
"Ele diz, por exemplo, que os seres cantam a sua glória,
Mas os seres não cantam nada.
Se cantassem seriam cantores.
Os seres existem e mais nada,
E por isso se chamam seres."

E depois, cansado de dizer mal de Deus,
O Menino Jesus adormece nos meus braços
E eu levo-o ao colo para casa.
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Ele mora comigo na minha casa a meio do outeiro.
Ele é a Eterna Criança, o deus que faltava.
Ele é o humano que é natural,
Ele é o divino que sorri e que brinca.
E por isso é que eu sei com toda a certeza
Que ele é o Menino Jesus verdadeiro.

E a criança tão humana que é divina
É esta minha quotidiana vida de poeta,
E é porque ele anda sempre comigo que eu sou poeta sempre,
E que o meu mínimo olhar
Me enche de sensação,
E o mais pequeno som, seja do que for,
Parece falar comigo.

A Criança Nova que habita onde vivo
Dá-me uma mão a mim
E a outra a tudo que existe
E assim vamos os três pelo caminho que houver,
Saltando e cantando e rindo
E gozando o nosso segredo comum
Que é o de saber por toda a parte
Que não há mistério no mundo
E que tudo vale a pena.
A Criança Eterna acompanha-me sempre.
A direção do meu olhar é seu dedo apontando.
O meu ouvido atento alegremente a todos os sons
São as cócegas que ele me faz, brincando, nas orelhas.

Damo-nos tão bem um com o outro
Na companhia de tudo
Que nunca pensamos um no outro,
Mas vivemos juntos e dois
Com um acordo íntimo
Como a mão direita e a esquerda.

Ao anoitecer brincamos as cinco pedrinhas
No degrau da porta de casa,
Graves como convém a um deus e a um poeta,
E como se cada pedra
Fosse todo um universo
E fosse por isso um grande perigo para ela
Deixá-la cair no chão.

Depois eu conto-lhe histórias das coisas só dos homens
E ele sorri, por que tudo é incrível.
Ri dos reis e dos que não são reis,
E tem pena de ouvir falar das guerras,
E dos comércios, e dos navios
Que ficam fumo no ar dos altos-mares.
Porque ele sabe que tudo isso falta àquela verdade
Que uma flor tem ao florescer
E que anda com a luz do sol
A variar os montes e os vales.
E a fazer doer aos olhos os muros caiados.
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Ele dorme dentro da minha alma
E às vezes acorda de noite
E brinca com os meus sonhos.
Vira uns de pernas para o ar,
Põe uns em cima dos outros
E bate as palmas sozinho
Sorrindo para o meu sonho.
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Esta é a história do meu Menino Jesus.
Por que razão que se perceba
Não há de ser ela mais verdadeira
Que tudo quanto os filósofos pensam
E tudo quanto as religiões ensinam?"

Poema VIII - "Poemas Completos de Alberto Caeiro" - Fernando Pessoa

quinta-feira, 13 de março de 2008


Nunca confie em um homem que não tenha os olhos de Sinatra.

Poemas são tão intrusos.
Por que sempre chegam bem na hora em que eu não tenho papel e caneta por perto.
Então ficam esquecidos. Naquela parte da minha mente para onde vão todos os pecados que eu mais amei.

Eu andei evitando o imaginário por um tempo.
Mas ele cresceu e se mudou para baixo da minha cama.
Eu só quero que todos os meus lados sejam cercados por amor.
Palavras são como dentes
só três lugares para onde eles podem ir...
mostrados em sorrisos, cariados, ou cuspidos em brigas.
Eu realmente só queria voltar para a estrada e aventura.
Eu sei que em algum ponto as palavras certas virão para mim.
que elas vão apenas sair.
essa é a única razão pela qual eu ainda sento nesses quartos alugados em frente a telas brancas.
no fundo eu sei - na verdade, é só o que eu espero - que nós podemos fazer com que fiquemos brilhantes.
uma nota mental; nunca mais escrever o que sinto quando a única coisa que eu recebo em troca é a resposta apropriada - não o que eu queria - esperava - ouvir. E essa é a última vez em que eu escrevo sobre isso.

E aos velhos e bons amigos;
me desculpe se eu ando tão distante na maior parte do tempo.
é só que vocês me lembram tudo aquilo que eu amei e perdi.

outra nota mental; eu estou tão cansada de ouvir suas mentiras.

stay sweet.
amor.

quarta-feira, 12 de março de 2008

felix felicis*

catharsis doem, não tão mais.
porque isso é sobre eu e você sendo uma parada por hollywood e a mesma música antiga soando nos alto-falantes do carro.
e eu sinto tanto que não sinto nada, exceto o vento e a sua mão na minha.
Só diga que você entende.
Eu nunca tive isso planejado.

já hoje;
eu não sei por que, mas eu sempre tive essa fixação com músicas que falam sobre olhar para a pessoa que você ama dormindo na sua cama.
Lá estava eu construindo casas na areia.
E eu podia ver que aquilo era só andar em círculos na minha mente
Isso é o tipo de coisa que vai até que me pega lá na frente.

então, por via das dúvidas, chame meu nome
logo antes que você fique insano.
mas a minha melhor parte
vai continuar guardada.


"I've seen you laugh and cry now I wanna see you dance."

segunda-feira, 10 de março de 2008

"Por que meu livro é sobre um homem que não sabe que vai morrer. E morre. Mas e se esse homem sabe que vai morrer e morre mesmo assim? Morre - morre dignamente, sabendo que ele poderia impedir, então - quero dizer, não é esse o tipo de homem que você quer manter vivo?"

Eu tive uma luz.
E ela vêm praticando se apagar nesses últimos dias.

walking
seccond chances
under the bridge
be be your love.


Por que eu me pego perdendo a cabeça às vezes.
Sinto saudade de lugares nostálgicos que eu nunca fui.
Me apaixono constantemente por quem eu nunca conheci, e sofro de amor de mão única.
Os demônios me alcançaram algumas vezes. Não importa mais os 200 metros em 2 minutos e 47 segundos. São montes de terra. Grandes montes de terra. E eles sempre alcançam.
Pratiquei mais alguns milhões de "sinto muito" no espelho.
Mas então as coisas foram de "muito mal" para "muito normal", e tudo ficou ok.
E apenas não é real.
São os problemas trazidos pela vida.
Pensamentos sobre amor.
Eles imploram por uma polegada e pegam uma milha.
Nós todos viramos paródias de nós mesmos.
Se você olhasse dentro você veria artefatos que provariam que eu já me importei.
Há uma razão pela qual meu sorriso verdadeiro não aparece muito mais.
Há um nome pra isso.
Alguns corações vão se partir. E você pode apostar que nenhum deles é meu.

Tudo tinha um gosto de novo, fresco e puro.
E é incrível o número de pessoas que se identificam com o que eu escrevo.
Um aviso; meu amor é sobre um milhão de nascer-do-sol e só uma pessoa.
E, bem, é isso; no mundo do preto-e-branco, eu não me importo.
No mundo real, eu só não quero nada menos que amor extraordinário.

Durma bem.
amor.

domingo, 2 de março de 2008


"E, naquele momento, nós não precisávamos dizer nada; os escritos no muro falavam por nós".

Você sabe o que é assistir reprise de você mesmo todas as noites
Oferecer nada e esperar tudo em retorno
Virar a cabeça um pouco para a direita para parecer humilde e arrogante
Se vamos rápido podemos ser a edição da manhã
Porque todo mundo gosta de ler noticias ruins.
Ela é criminalmente sem problemas
Quando os comprimidos encolhem a preocupação.
Cordas de aço estalam e pegam o canto de dores escondidas, e esse será o meu segredo para sempre.
Eu acho que as noticias me deixaram fora de rumo.
Durma em paz. Sinceramente, com medo. Eu nunca posso dormir também.
Até mesmo os jovens tornaram-se irrelevantes por ontem.
Eu estou em produção de redução: notoriedade artificialmente adoçada.
Abri tantas conchas mas apenas encontrei areia dentro.
Eu tenho certeza de que eu poderia viver para sempre e não conhecer ninguém, por que ninguém dá a mínima para olhos que estão sempre vazando.
Não pode me comprar amor.

Os sorrisos ultimamente tinham sido reais. Exceto que às vezes é difícil sorrir quando há câmeras no seu rosto e você só está tentando agüentar o dia.
Vou tentar estragar menos. Nada poético sobre isso: talvez as coisas não sejam sobre melhoras, talvez elas vão ficar mais escuras. Sinceramente, isso partiu meu coração, e confie em mim, eu tenho um coração bem ruim que é difícil de ser partido...
A regra é: para viver nesse mundo, você deve arrancar seu coração fora.

Mas eu ainda amo a árvore na qual eu costumava deitar embaixo.
E isso tem me enloquecido. Por que há milhares de pessoas dormindo de olhos abertos nessa cidade e eu não penso em nenhuma delas além de você.
Eis a verdade; como eu queria que você estivesse aqui. Mas nós somos apenas duas almas perdidas nadando em um aquário ano após ano.
Pelo menos para você.
Atualmente trabalhando em: relaxar - não quero ser tão pesada, só queria que você soubesse porque ultimamente eu pareço tão cinza às vezes.

Boa noite e boa sorte.
Me passe o sal.